O
Brasil desponta como um país que, gradativamente, vem alcançando papel de
destaque no concerto das nações, portanto, não poderá se manter alheio à
necessidade de, o quanto antes, dar início ao processo gradual que possibilite
a transformação do setor de defesa, de modo a ajustá-lo à sua estatura
político-estratégica de país potência, daí o imperativo de uma Estratégia
Nacional de Defesa que atenda a essa condicionante.
Nada a reparar a respeito do conceito, uma
vez que, dentre outras coisas, as Forças Armadas existem, e devem se manter
sempre prontas, para assegurar a consecução dos Objetivos Nacionais Permanentes
e para respaldar as decisões soberanas da Nação. Assim, a experiência histórica
mostra, quanto maior a estatura de um Estado, mais poderoso se apresenta o seu
braço armado. Em outras palavras, a “estatura político-estratégica” de uma
nação baliza os procedimentos destinados a dotá-la de um poderio bélico
adequado.
Ao deparar com um problema
antigo, o descompasso do Poder Militar do Brasil em relação à sua Estatura
Política e Estratégica, germina o perigo de se ter respondido com uma
estratégia que levou muito tempo para ser formulada e deve ser implementada em
curto, médio, e longo prazo (horizonte de vinte e cinco a trinta anos), e é
apoiada em capacidades inadequadas, por falta de recursos militares (orçamentos, efetivos, material de emprego
militar, logística, e etc.).
As principais instituições
de Poder do país estão defasadas em relação às mudanças e transformação que
acontecem a sua volta. O governo tem uma grande dificuldade de ajustar-se ao
compasso e as exigências dos tempos modernos, essa dificuldade cria uma
velocidade e ritmo na execução de novas estratégias muito desigual com as
necessidades estratégicas do país e com o passo acelerado que uma economia
moderna exige.
Muitos no planejamento
estratégico são vitimados por sua própria retórica, só se vence a batalha com
uma estratégia superior. Vence por pensar de maneira mais inteligente, não por
mais tempo, vence quem dissemina suas estratégias no período de tempo mais
curto, não em horizontes longínquos.
É, ainda, fundamental ter o
conceito da definição da transformação no setor de defesa que é de
“antecipar-se a mudanças naturais”, o que implica reconhecer que há mudanças
que transcendem a vontade dos homens e que é necessário acompanhá-las.
Trata-se de um processo destinado a
possibilitar que o país se antecipe às mudanças naturais em assuntos da esfera
militar, de maneira rápida e objetiva.
A atual conjuntura não
envolve apenas questões tecnológicas e econômicas, mas, também, profundas
mudanças política, social, cultural, e geopolítica.
No Brasil atualmente - com a
completa falta de recursos militares - há muito “estrategismo jornalístico” da
área de defesa do governo, com muita fumaça semântica sem fogo estratégico,
dessa forma, hoje no Brasil, mais do que nunca, “é preciso fazer com que os
trens cumpram seu horário”.
Para ser possível defender a
nação e cumprir sua missão constitucional, as Forças Armadas devem estar sempre
em condições de atuar com eficácia, pois quando a necessidade de emprego surge
não há tempo para improvisações nem oportunidade para arrependimentos tardios:
é necessário empreender ações decisivas, coordenadas e objetivas de preparo e
emprego, criteriosamente planejadas desde o tempo de paz.
O descompasso do Poder
Militar do Brasil com sua Estatura Política e Estratégica, ônus imposto à
nação, não pode pagar o “tributo do tempo”.
Velhos problemas e novos desafios:
risco de generalidades.
Niterói, 15 de janeiro de 2012.
General de Exército da Reserva, Carlos Alberto Pinto
Silva, ex-comandante de Operações Terrestres (COTer), do Comando Militar do
Sul, do Comando Militar do Oeste, e Membro da Academia Brasileira de Defesa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário