MATÉRIA ASSINADA POR Demóstenes Torres, Procurador de Justiça e Senador (DEM/GO)
POLÍTICA
Forças Armadas e pesquisa,
abandonadas.
O
incêndio na Estação Comandante Ferraz é o apogeu do abandono a
que o governo relegou as Forças Armadas e as pesquisas. A cada
momento surge novo detalhe aterrador da sordidez. Um participante
da missão diz da inexistência de equipamentos adequados para
combater fogo. Outro havia criticado, há meia década, o fato de
geradores dividirem prédio com experimentos científicos.
O
orçamento da base é o menor dos últimos anos e em 2011 a
presidente deixou de
aplicar no projeto três vezes mais do que reservou para 2012.
Assim, Dilma Rousseff escreveu o epílogo de uma tragédia
anunciada.
Especialistas
perderam o trabalho de uma vida, o Brasil ganhou luzes em
bastidores perigosos para a segurança nacional. As chamas
mostraram uma vergonha planetária.
Descobre-se
que inspetores do Tratado Internacional haviam alertado ao
Executivo brasileiro sobre o anacronismo da base. Tecnologia de
ponta a serviço de algumas teses e o talento
dos profissionais conviviam com o esquecimento a que o governo
relega a Marinha. E não apenas na Antártica.
Tradicional
fonte de orgulho continental ao longo da história, a Marinha está
reduzida à sombra de si mesma. Seus hospitais e colégios,
responsáveis por formação e atendimento de primeiríssimo mundo,
enfrentam o garroteamento financeiro.
Longe
dos relatórios oficiais, narra-se até a falta de alimento.
Situação igualmente crítica emerge de relatórios
reservados que vazam para a imprensa. Com o noticiário e informações
que recebo por e-mail ou no Twitter, já fiz diversos artigos e
pronunciamentos.
Mas
nada choca mais que um quartel com veículos da Segunda Guerra
(ainda na ativa!), caças que não levantam voo e tropa vocacionada,
mas desmotivada.
Em
resumo, Dilma e seu antecessor sucatearam as três armas. Para
tratar só da Marinha, menos da metade de seus navios está em
condições de sair do porto. Dispõe de apenas duas
aeronaves (as outras 21 estão quebradas) para cobrir um dos maiores
litorais do globo.
De
cinco submarinos, três estão afundados no desmazelo. Seu
porta-aviões São Paulo chega a ser simplesmente porta, sem sequer
um avião. Blindados resistem a tiros, não à falta de manutenção:
41 dos 74 estão baixados.
Canhões, helicópteros e lançadores de míssil ficam mais no conserto (os que têm) que em operação.
Assim,
a costa se encontra à mercê. Sorte os tempos serem de paz, pois
em caso de conflito armado combateríamos com fé cega, faca amolada
e nada mais.
De
Norte a Sul, traficantes podem ancorar com o que quiserem. A
vigilância no Pré-Sal é fictícia. A reação da presidente diante
desse descalabro é cortar verbas de pesquisa e apoiar invasões do
MST a laboratórios.
Para
coroar o desprezo aos militares, fez de Celso Amorim ministro da
Defesa. Adaptando uma máxima de Delfim Netto, se Amorim for
nomeado chefe do circo, o anão cresce e a mulher barbada se
depila.
Os pesquisadores merecem ser respeitados e as Forças Armadas não mereciam essa anedota com cargo.
Demóstenes Torresé procurador de Justiça e senador (DEM/GO)
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