segunda-feira, 28 de novembro de 2011

ECOS DE 1935

ECOS DE 1935
(por Maynard Marques de Santa Rosa)

“Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém” (Paulo, I Cor., X, 23).

Sendo o homem intrinsecamente livre para pensar e agir, o alerta do Apóstolo insere-se, perfeitamente, no contexto das idéias.

Ao admitir a violência revolucionária como postulado de sua filosofia, Marx condenou à execração ética todo o acervo de uma brilhante concepção.  

O argumento dos fins humanitários não justifica a tirania dos meios, por afrontar a lei universal da harmonia que deve reger as relações humanas.

Ninguém tem o direito de impor aos semelhantes as soluções de sua preferência, sobretudo quando ameaçam a liberdade individual e o patrimônio privado.

Ao longo da História, o Brasil tem sido vítima contumaz dos próprios filhos rebeldes, de mentes colonizadas por idéias estrangeiras, a serviço de uma metrópole geopolítica.

Patrocinados pelo expansionismo estalinista, os insurgentes de 1935 apunhalaram a alma nacional, nas vítimas adormecidas do 3º Regimento de Infantaria e da Escola de Aviação Militar.

Sufocada a intentona, sobreviveu a motivação subterrânea, voltando a emergir no início da década de 1960, sob os termos revisionistas do XX Congresso do Partido Comunista da União Soviética.

Ao dividir-se o movimento, as facções fundamentalistas retomaram o uso da força no final da década, sob novo patrocinador estrangeiro, sendo contidos pela repressão governamental.

Quem adota a violência não pode eximir-se da reciprocidade. A sociedade nacional, de índole pacífica e ordeira, ainda não descobriu a vacina patriótica para o vírus da traição.

Acolhidos novamente pelo espírito conciliador da Nação, grupos ideológicos chegaram ao poder, aproveitando-se da via democrática que tanto buscaram destruir.  

A ética revolucionária, porém, não se satisfaz com a pacificação política. Desconhecendo o sentimento de perdão consagrado nas iniciativas de anistia desde 1822, acaba de ser instituído um mecanismo potencialmente revanchista, cinicamente destinado à busca da verdade.

Atualmente, os auspícios ideológicos de Gramsci justificam até mesmo a corrupção que grassa no cenário político, absolvendo a consciência laxa dos militantes no poder.  

Enquanto houver imprensa livre, no entanto, a verdade dos fatos voltará a aparecer, dissipando os miasmas de tirania.

A quem, licitamente, se deixa dominar por uma idéia, convém a reflexão de Goethe: “Ninguém é mais escravo do que aquele que se julga livre sem o ser”.
      

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