segunda-feira, 22 de outubro de 2012

ESTUPIDEZ TELEVISIVA - BULLYING PARA COMBATER BULLYING CONTRA HOMOSSEXUAIS

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A ESTUPIDEZ TELEVISIVA - BULLYING PARA COMBATER BULLYING CONTRA HOMOSSEXUAIS - Como diria Nietzsche, a Transvaloração da Moral...

NA SÉRIE MALHAÇÃO DA REDE GLOBO, OS ALUNOS SÃO OBRIGADOS A SE VESTIREM E DANÇAREM COMO BAILARINAS, SEGUNDO O PROFESSOR, PARA ENSINÁ-LOS A NÃO PRATICAREM BULLYING. E O QUE SERÁ QUE ELE ESTAVA PRATICANDO? NO MÍNIMO SUJEITANDO OS ALUNOS A UMA HUMILHAÇÃO, TENDO EM VISTA O CONTEXTO DA CENA.
Para mim, isto sim é que é bullying... ou seja, obrigar os alunos a vestirem uma saia de balé, dançar e rebolar em nome do não preconceito... é no mínimo humilhante, tendo em vista o contexto e a finalidade. Enfim, quanta babaquice em nome do "politicamente correto" alardeado e corrompido por estes diretores globais de intenções duvidosas.

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sexta-feira, 19 de outubro de 2012
"Contra o preconceito, Excelsior dá aulas de balé para turma do 2º ano

Zé Excelsior (Luís Salém) não quer saber de bullying no Colégio Quadrante. Depois de Orelha (David Lucas) zoar Rafa (Rodolfo Valente) na aula de interpretação, o professor de teatro resolve dar uma lição aos alunos.

Com ajuda de Marcela (Danielle Winits), Excelsior prepara uma aula de balé para a galera do 2º ano, com direito a tutu: “Quero ver quem é macho o bastante para vestir um tutu”, desafia o professor.

Os meninos da turma começam a reclamar e Marcela se mete. “Quem está no comando hoje é o Zé Excelsior. E não acho palhaçada! É bom pra entender e respeitas as diferenças”, diz.

Com ajuda de Marcela, Excelsior prepara uma aula de balé para os alunos do Quadrante (Foto: Malhação / Tv Globo)

Rafa toma coragem, veste o tutu e os meninos acabam seguindo o exemplo. “Meninos, não fiquem envergonhados. Essa é a grande magia do teatro. No palco, podemos ser tudo: homem, mulher, criança, velho, bicho, árvore... só não tem espaço pra ser preconceituoso”, incentiva Excelsior.

Os meninos acabam relaxando e todos participam da aula de balé. Não dá para perder esta cena, né? Não perca a sequência, que vai ao ar nesta segunda-feira, dia 22/10."

A verdade sufocada



 
 

domingo, 21 de outubro de 2012

E os debates no Facebook da ABED sobre a Comissão da "Verdade" continuam


  • Eliezer Rizzo 
    Abri e vou divulgar esta entrevista. Obrigado.
  • Eduardo Heleno  
    Por nada Eliezer. Vou encomendar o livro, me parece tão interessante quanto a entrevista.
  • Rui Martins da Mota
    SUUUUUUPER "INTERESSANTE"... Ainda mais considerando a atitude contumaz da referida jornalista... Nessa onda de tirar esqueletos do armário, cada vez mais vão aparecer figuras dos mais variados tipos, desde aqueles que sofreram algum prejuízo real até os mais flagrantes oportunistas, passando, inclusive, pelo séquito dos meramente exóticos...
  • Eliezer Rizzo 
    Nossa História tem de tudo, inclusive pessoas honestas que foram prejudicadas pelo regime militar em diversas instituições; outras se beneficiaram. Assim são os processos políticos. Conheci o general Pery Bevilacqua, de quem foram retiradas até as honrarias militares porque ele se opôs ao julgamento de civis pela Justiça Militar, mesmo tendo participado do golpe contra o regime constitucional. Eu o entrevistei nos anos 1970 e aprendi muito com ele. Toda revolução (de direita e de esquerda) faz vítimas inclusive entre seus principais personagens. Assim é a História.
  • Rui Martins da Mota
    Prezado Prof Eliezer Rizzo, sem dúvida, assim é a História e são os processos políticos. O Poder possibilita (não que seja justo) e emprega todos os instrumentos disponíveis para atingir seus objetivos, inclusive, o de debelar a oposição. Se hoje, com profundo amadurecimento e comprometimento democrático alcançado pelo País, vemos notórios líderes políticos se utilizando de meios ilegais e imorais para calar a oposição... Portanto, há 50 anos atrás, dentro de um quadro de guerra revolucionária e Guerra Fria, em que se vivia, não me causa estranheza da utilização destes subterfúgios. Agora, minha crítica está na avalanche de acusações superficiais e oportunistas que surgem na atualidade, todas efetivadas notoriamente para deslegitimar qualquer aspecto positivo do Regime Militar aos olhos dos incautos de hoje, que as recebem de modo crítico, tendo em vista sua lente de análise estar ajustada pelos valores do momento, sem que se faça o devido ajuste para o contexto da época. De fato, as FA não são monolíticas, mas são as mesmas no tempo e no espaço. Ou seja, posso afirmar com convicção que os militares de hoje reconhecem a necessidade de tomada de atitude no passado. Naturalmente não se orgulham das torturas ou dos outros erros e efeitos colaterais danosos que ocorreram, mas, ainda assim, reconhecem que os militares do passado agiram com o vigor necessário para que o País não fosse tomado por uma ditadura comunista ou sofresse longamente, e amargamente, com guerrilhas revolucionárias, como as ainda existentes na América do Sul, como das FARC, do ELN, do Sendero Luminoso, dos Tupamaros, dos Tupac Amarú, etc. Apesar da campanha deliberada para que nos envergonhemos e reneguemos os militares de ontem, ainda seguimos de cabeça erguida, sabendo que a instituição militar é a mesma (hoje e ontem) em valores e compromisso com a Nação. Lamento, no entanto, que haja cidadãos fardados que nos momentos de adversidade e oposição, passem a declarar aquilo que muitos gostariam de ouvir. Esta é a realidade... há pessoas assim em todos os ambientes. Naturalmente não é o caso destes dois senhores, autores do livro, uma vez que, de fato, eles não têm nenhum compromisso com a instituição militar. Sinceramente, nem os considero efetivamente militares, uma vez que seguiram uma outra profissão há tanto tempo. Abç. RMM
  • Eliezer Rizzo 
    Eu lhe respondia quando deu um problema que interrompeu minha escrita. Então, serei breve. Não temos como saber se nossa história tomaria o rumo que você desenhou; tampouco posso afirmar que (como imagino) JK seria eleito em 1965 e nosso regime democrático seguiria seu rumo. O certo é que pagamos alto preço pela falta de liberdade e por tudo que decorreu daí. Caso tivéssemos uma ditadura de esquerda, o preço teria sido alto igualmente. Agrego apenas o seguinte: os militares de hoje não são responsáveis pelo passado da sua instituição, assim como eu - professor universitário - não sou responsável por eventuais erros pretéritos da minha instituição. Gostei da nossa conversa que inclui Eduardo Heleno. Um abraço para vocês, bom domingo.
  • Rui Martins da Mota
    Prof Eliezer Rizzo, agradeço muitíssimo pela atenção em suas respostas. É possível que tenhamos chegado naquele ponto de impasse de qualquer discussão, quando a divergência de opinião emperra o avanço. De todo modo, para encerrar minha participação neste post, em particular, gostaria de dizer que concordo com o Sr. quando diz que não somos responsáveis pelos erros cometidos, no passado, por nossas instituições. Entretanto, acredito tb que, no caso específico dos militares, o comprometimento com sua instituição, inclusive sob risco de vida, é algo que difere este ofício das demais profissões. É justamente este vínculo com sua organização e com os "irmãos de armas" um dos fatores decisivos no combate e em situações de crise e, portanto, um imperativo profissional. Talvez tudo isso soe um pouco piegas, recheado de um idealismo meio "retrô" e um tanto radical, mas quem não compreende e considera esta peculiaridade, muito presente no espírito de qualquer soldado, pertencente a qualquer nação e em qualquer época, desconsidera uma componente fundamental da sociologia (ou antropologia) da carreira das armas. Abç e, novamente, obrigado pela oportunidade de resposta e externalização de meu ponto de vista. RMM
  • Rui Martins da Mota 
    P.S. - Desculpe, mas só mais uma coisa... será que uma ditadura comunista teria o mesmo preço? Eu, particularmente, acredito que não... acho que estaríamos com grau de desenvolvimento muito inferior, semelhante ao de Cuba, ao da Coréia do Norte ou ao da Alemanha Oriental (em 1989) ou ao da própria Rússia, no entanto, com um saldo de fuzilados no "paredão" bem mais alto que os desaparecidos investigados pela Comissão da Verdade. E se alguém disser que, neste caso, quantidade não importa, vai me perdoar, mas os quantitaitivos récordes (casa dos milhares na Ilha e casa dos milhões entre os asiáticos) alcançados por Fidel e Che, Mao e Stálin, certamente, contam (e muito).

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Postagem da Comissão Nacional da Verdade + Comentários

Postagem da Comissão Nacional da Verdade:
No último dia 11 de outubro, a Comissão Nacional da Verdade colheu o depoimento do brigadeiro Rui Moreira Lima, de 93 anos, herói da Segunda Guerra Mundial. Ele relatou as perseguições sofridas por ele e outros militares que se opuseram ao regime militar. Mais informações em breve aqui no Facebook e no site da Comissão da Verdade: www.cnv.gov.br Fotos: Marcelo Oliveira/ Ascom - CNV"
Rui Martins da Mota  
Esta é a descrição completa do absurdo da parcialidade política e ideológica vingativa, que desconsidera qualquer limite ou princípio de reciprocidade moralmente exigível numa comissão de justiça ou de busca da verdade. Pergunto a quem puder me responder: E as vítimas dos grupos terroristas, bem como seus familiares, dos quais me incluo, ... estes não terão seu direito humano (mínimo) assegurado em ver seus algozes, de igual modo, investigados por esta comissão? A Justiça será tão vergonhosamente afrontada e sentenciada ao esquecimento pela dita "verdade"? Por que não se tem o mínimo de consideração com quem tombou cumprido seu dever legal, imposto pela profissão, e tb cumprindo o dever legítimo, que foi outorgado pela maioria do povo brasileiro, bem como pela opinão pública da época, notoriamente expressa pelos setores da sociedade, da mídia e da academia ... Por quê não são respeitados, de igual forma e direito? Refiro-me, como direito justo e merecido, não as polpudas bolsas e aposentadorias, largamente concedidas aos militantes da esquerda revolucionária, mas tão somente um mínimo de consideração por aqueles que perderam sua vida por patriotismo e amor ao Brasil, dos quais, muitos deles humildes e de poucas letras e estudos, mal compreendiam a complexidade da guerra que se travava no País como desdobramentos locais da Guerra Fria... Entretanto, e mesmo assim, seguiam motivados pelo idealismo e sentimento do dever, defendendo irresolutos a Nação contra àqueles que, de igual modo, seguiam seu idealismo e, assim, pegavam em armas, dispostos a matar e a morrer, para impor ao País sua crença na ideologia marxista. RMM

 
Eliezer Rizzo  
Eu defendo há tempos a inteira verdade do processo político brasileiro no tocante ao emprego da violência, seja da parte do Estado, seja da parte de grupos societários. E, como consequência, que a presidente Dilma coordene um pedido de desculpas no plano mais alto do Estado, envolvendo, inclusive, os grupos que se enfrentaram por métodos violentos. Nossa democracia merece esta atitude. E postulo também a aplicação dos critérios da Comissão da Anistia às vítimas das ações das esquerdas.

quarta-feira, 10 de outubro de 2012

Corrupto Genoíno renuncia a cargo no Ministério da Defesa

Mensaleiro afirma que “não se envergonha de nada”; até agora, todos os petistas condenados pelo STF continuam filiados ao partido

129 743 alt 06 MHG genoino ailton Corrupto Genoíno renuncia a cargo no Ministério da Defesa
Notícia do Estadão:
O ex-presidente do PT José Genoino, condenado pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no processo do mensalão, acaba de anunciar seu pedido de demissão do cargo de assessor especial do Ministério da Defesa. Ele comunicou sua renúncia na sede do diretório nacional do PT em São Paulo, onde leu “carta aberta ao Brasil”, na qual se diz vítima de uma injustiça monumental”. O ex-ministro José Dirceu, condenado pela Corte, também deve participar do encontro petista.
“A Corte errou”, afirmou. “A Corte foi, sobretudo, injusta. Condenou um inocente. Condenou-me sem provas. Com efeito, baseada na teoria do domínio funcional do fato e, nessas paragens de teorias mal digeridas, se transformou na tirania da hipótese pré-estabelecida, construiu-se uma acusação escabrosa que pode prescindir de evidências, testemunhas e provas.”
Genoino disse que “pouco importa se não houve compra de votos”. Com a voz embargada o ex-presidente do PT, condenado nessa terça-feira, 9, pelo STF por crime de corrupção ativa, declarou que os ministros se basearam na circunstância de ele ter sido dirigente máximo do partido. “Isso é o suficiente?”, indagou.
“É suficiente para fazerem tábula rasa de toda uma vida dedicada à causa da democracia.” Para Genoino, “nesse julgamento transformaram ficção em realidade”.
“Trata-se de uma brutal inversão dos valores básicos da Justiça e de uma criminalização da política”, bradou. “Esse julgamento ocorre em meio a uma diuturna e sistemática campanha de ódio contra o meu partido e contra um projeto político exitoso, que incomoda setores reacionários incrustados em parcelas dos meios de comunicação, do sistema de Justiça e das forças políticas que nunca aceitaram a nossa vitória. Nessas condições, como ter um julgamento justo e isento? Como esperar um julgamento sereno, no momento em que juízes são pautados por comentaristas políticos?”
Ao anunciar sua saída do governo Dilma, Genoino disse: “retiro-me do governo com a consciência dos inocentes. Não me envergonho de nada”.
(grifos nossos)

Comentário

Ao contrário de Genoíno, o PT deveria ter vergonha do mensalão e expulsar o quanto antes de seus quadros todos os corruptos condenados pelo STF.
Leia também:
  1. Genoíno: réu no mensalão e assessor especial do Ministério da Defesa
  2. Genoino se prepara para enfrentar prisão
  3. De acordo com reportagem do Estadão, defesa de José Dirceu não convenceu parte do Supremo
  4. Corrupto João Paulo avisa que só sai da Câmara de camburão
  5. Márcio Thomaz Bastos tentará nova manobra para atrasar julgamento

sábado, 6 de outubro de 2012

A fórmula dos colégios militares



ISTOÉ - Comportamento
|  N° Edição:  2239 |  05.Out.12 - 21:00 |  Atualizado em 07.Out.12 - 00:01

A fórmula dos colégios militares

Com desempenho acadêmico superior ao da maioria das escolas públicas brasileiras, instituições administradas pelo Exército unem professores capacitados, boa infraestrutura e disciplina, mas só para uma elite

Paula Rocha e Wilson Aquino

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ROTINA
“Hino Nacional” e continência no Colégio Militar do Rio de
Janeiro, onde há atividades extracurriculares, como equitação
Sexta-feira, dia de formatura geral no Colégio Militar do Rio de Janeiro. Aproveitando a presença dos cerca de dois mil alunos e alunas devidamente alinhados como soldados na praça Thomaz Coelho, o subcomandante do colégio, coronel Muniz, toma o microfone e fala grosso: “A brincadeira de Nescau está proibida.” O militar faz referência a um tradicional e violento trote aplicado pelos alunos veteranos sobre os novatos – um grupo se aproxima da vítima cantando uma divertida música infantil e, de repente, cai de tapas e murros sobre a cabeça e costas do alvo. A bronca geral do subcomandante tem como objetivo restabelecer a disciplina, um dos principais pilares das escolas militares brasileiras.

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Com uma filosofia de ensino baseada na doutrina do Exército brasileiro, o Colégio Militar do Rio foi o décimo melhor colocado do Estado, entre as escolas do sexto ao nono anos, no Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) de 2011, do Ministério da Educação. A escola obteve média de 6,4, abaixo da meta estipulada para o colégio, de 6,6, porém bem acima da média nacional, que bateu em 4,1. Dentre as 30 escolas de sexto a nono ano com as melhores notas no Ideb 2011, dez são colégios militares. Essas instituições são uma elite do ensino público no País – elas não cobram mensalidade, mas uma taxa simbólica de quem pode pagar – destinada preferencialmente aos filhos de servidores do Exército. A realidade desses colégios em nada lembra as escolas sem estrutura e com professores mal remunerados a que a maioria dos estudantes brasileiros está submetida. “O bom desempenho é resultado da união de planejamento pedagógico, boa estrutura de apoio ao processo de ensino e aprendizagem, corpo docente capacitado e disciplina”, acredita o coronel Mansur, diretor do Colégio Militar de Salvador. Em sexto lugar na classificação nacional do Ideb, a instituição baiana possui 821 alunos, 98% filhos de militares.
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Hortência Brito, 15 anos, de Brasília, acredita na qualidade do ensino
Do ponto de vista estrutural, esses colégios estão, de fato, bem acima das demais escolas da rede de ensino público do País. Em comum, as 12 instituições militares possuem instalações variadas e em ótimo estado de conservação, que incluem ginásios, piscinas semiolímpicas, quadras de tênis, laboratórios de química, física, biologia e informática, além de outros espaços de convivência. Toda essa infraestrutura permite que os alunos permaneçam na escola fora do horário regular, realizando atividades extracurriculares, outro diferencial. “Nós estimulamos a participação dos alunos em atividades que vão além da sala de aula”, diz o coronel Heimo, diretor do Colégio Militar de Brasília, que recebeu nota 6,7 no Ideb 2011, a melhor classificação entre as escolas públicas do Distrito Federal. “Nossos alunos podem optar por realizar atividades como equitação, coral, dança, teatro e até robótica.” Atualmente, três mil estudantes estão matriculados no Colégio Militar de Brasília. Destes, apenas 550 são filhos de civis.
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VALORES
Disciplina é essencial para a estudante Cláudia Ferreira,
18 anos (no centro), do Colégio Militar de Salvador
Outro fator considerado decisivo para o bom desempenho acadêmico dos alunos é a capacitação do corpo docente. No Colégio Militar de Salvador, por exemplo, 15% dos professores são doutores, enquanto 25% possuem mestrado. “E mais de 90% têm ao menos um tipo de especialização”, diz o coronel Mansur. “Além disso, trabalhamos em regime de dedicação exclusiva, e a carga horária dentro da sala de aula não é tão grande, o que nos possibilita preparar melhor o conteúdo que será apresentado”, diz a capitã Risalva Bernardino, professora de literatura e língua portuguesa do Colégio Militar de Brasília. A remuneração dos professores também é atrativa. Os docentes militares têm vencimentos correspondentes aos respectivos postos. Já os civis recebem de acordo com a progressão funcional e os títulos que possuem. Os salários variam entre R$ 4 mil e R$ 5 mil, valores que podem ser equiparados à remuneração de professores dos institutos federais e de alguns colégios particulares. É bem acima da média salarial dos docentes de ensino fundamental da rede pública, de R$ 1,8 mil.

A principal diferença entre os colégios militares e as escolas civis, no entanto, é a questão da disciplina. As regras dentro dessas instituições são rígidas. Apesar de a aula começar às 7h, o aluno que atravessa o portão de entrada às 6h30 é considerado atrasado. Se o uniforme não estiver impecável (há funcionários designados exclusivamente para observar isso), pode não ter acesso à sala de aula. Fica de castigo no interior do colégio até o fim do turno. Há normas também sobre a aparência. O corte de cabelo masculino é feito com máquina 2, e refeito de 15 em 15 dias. Não é permitido barba, bigode ou cavanhaque, brinco, piercing nem óculos escuros. Guarda-chuva, somente na cor preta. Os cabelos femininos podem ficar soltos, contanto que não ultrapassem a altura da gola do uniforme. Se médio ou longo, deve ser preso. Mechas coloridas são proibidas. As unhas devem ser incolores ou pintadas apenas nas cores branca e rosa-clara. Ao cruzarem com um professor, diretor ou monitor, os alunos devem prestar continência. Namorar, beijar, andar abraçado ou de mãos dadas é considerado transgressão disciplinar e os pais são chamados.

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Com tantas normas, alguns alunos reclamam. “É muito rigor e sermão. Aqui é bem diferente dos outros colégios. Eu esperava que fosse mais fácil, só estando aqui dentro para ver”, desabafa um aluno do sexto ano do Colégio Militar do Rio de Janeiro, que não quis se identificar. Outros estudantes, porém, afirmam gostar dos valores aprendidos. “A disciplina é necessária para o aprendizado”, diz Cláudia Mattke Ferreira, 18 anos, aluna do terceiro ano do ensino médio do Colégio Militar de Salvador e filha de civis. Opinião compartilhada pela também estudante Hortência Oliveira Brito, 15 anos, aluna do primeiro ano do ensino médio do Colégio Militar de Brasília. “Tem esse aspecto de rigidez, sim, mas ao mesmo tempo o ensino tem muita qualidade.”

Na opinião do especialista Luiz Prazeres, consultor em processos de avaliação educacional e professor do Centro Pedagógico da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), a disciplina dos colégios militares faz diferença, mas não é o único fator determinante para o sucesso dos estudantes egressos desse sistema de ensino. “Os alunos desses colégios representam uma elite intelectual. A prova para admissão nessas instituições é muito rigorosa, e acaba selecionando apenas os melhores”, diz Prazeres. “São escolas públicas, mas não inclusivas. São estabelecimentos de ensino fechados, acessíveis apenas a privilegiados”, completa. 

Fotos: Orestes Locatel e Adriano Machado/ag. istoé
Foto: Anderson Christian

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter

O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter

joaquim barbosa O racismo petista contra Joaquim Barbosa no TwitterJoaquim Barbosa, o jurista que encontrou Frei Betto em um aeroporto e, mal sendo conhecido dos petistas, foi alçado ao STF quase simbolicamente como o primeiro negro a ocupar uma vaga na mais alta Corte do país, era um bastião do lado “plural” e simbolicamente (para variar) democrático do PT, como uma “contrapartida” aos outros partidos.
marop 01 O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
Era. Aparentemente, o PT colocou o primeiro negro no STF para mostrar seu “compromisso social”. Aí começa o julgamento do mensalão, o negro não dá a patinha e vão mandá-lo dormir na senzala pra reaprender humanismo progressista.
rdigi O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
Joaquim Barbosa é o relator e um dos principais acusadores (ao contrário do que se pensava, Gilmar Mendes, o “tucano”, ganhou um destaque quase irrisório perto de Barbosa). Qual acusação a petistosfera militante faz contra ele? Citar a cor de sua pele. Reiteradamente. Ou, nos dizeres de Vinícius Duarte, acaso se fosse um Lewandowski que estivesse condenado petistas diriam que é um polonês que escapou de Auschwitz?
matupa O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
Parece papo dos racistas rednecks que achavam um absurdo os EUA serem governados por um negro, ou a “elite” de bairros chiques que acha que empregadas negras merecem ser maltratadas por não pertencerem à sua mesma classe. Não é a tal “direita” que, quando ataca profissionalmente um negro, precisa lembrá-lo que ele é negro. Quem fez isso contra Joaquim Barbosa foi a tal esquerda. Foram os tais progressistas. São os caras contra preconceito, contra ditadura, contra o fanatismo hipócrita e histérico da classe média e do Cansei! que não sai do Twitter.
edugold O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
Eu não lembro dessa tal “elite” citar a cor da pele de Joaquim Barbosa quando o ministro defendeu cotas no STF, mesmo sob o argumento de que o comportamento daqueles contrários às cotas demonstraria o fanatismo perigoso e reacionário dessas pessoas. Bobagem. Óbvio que alguns racistas são contra cotas. Mas isso não indica que ser contra cotas seja o mesmo do que ser contra negros (muito pelo contrário), e nem mesmo de que não existam diversas formas de racismo – inclusive as próprias cotas. Mas o que dizer do comportamento dos petistas contrários a condenar mensaleiros? Não há nada a ser comentado?
menon O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
Uma menina falou em afogar nordestino que vota na Dilma, quase deu cadeia. Uma turma do PT diz que Barbosa não entra na Casa Grande, está tudo ok. Afinal, é pelo partido. E contra os velhos preconceitos da velha elite e da velha mídia. Afinal, se um negro estudou e entrou no STF, não é mérito dele (onde já se viu negro ter mérito?!), e sim o partido de Lula e Dilma que o colocou lá (por ser negro? e colocou o Dias Toffoli lá para quê?).
marop 04 O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
Assim, se Joaquim Barbosa conseguiu sua “cota”, deve subserviência e parcialidade absoluta ao PT. Sobretudo como juiz do STF. E se passa a condenar petistas citando um cartapácio de provas de mais de mil páginas, é acusado de “capitão-do-mato”, os negros que perseguiam negros fugitivos na escravatura (mesmo que Barbosa não esteja perseguindo pobres, e sim a elite mais dominante do país há uma década).
artmew O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
basil O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
Não foi nem o típico “racismo a favor”, como aquele da Carta Maior, que acha que talento de negro é escola de samba e futebol. Foi o racismo declarado: se é negro, deve nos obedecer, porque, supostamente, somos o único partido que defende negros. Estranho: além da injúria racial, os petistas estão cada vez mais desabridos para falar que indicam ministros pro STF “não para apenar como estão apenando”, Ora, juiz do STF não está lá para julgar? Para haver separação entre poderes? Ou o PT o colocou lá para não apenar, não importando o ilícito cometido? (a família do Celso Daniel deve confiar mais na segunda hipótese).
joped  O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
marop 02 O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
Para piorar, por que só conseguem olhar para Joaquim Barbosa pensando: é um negro? Não conseguem enxergar seres humanos independentemente de cor de pele, tal como alguns (inclusive da “classe média conservadora”) enxergam? Tal como existem cores e tipos de cabelo, altura, massa corporal, espinhas ou timbres distintos de voz (todos passados geneticamente, e mais dominantes em uma etnia do que em outras), e é possível olhar para uma pessoa, gostando dela ou não, sem pensar: “aquela morena de cabelos ondulados, um pouco alta, massa corporal tipo ‘cheinha’, baixa incidência de espinhas e contralto”, por que não considerarracismo que um dos ministros acusadores seja sempre lembrado como “um negro” quando atacado – por petistas?
palmdo O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
Enquanto isso, vamos proibir Monteiro Lobato, ursinho Ted, propaganda de calcinha da Gisele. Mas não petista proibindo Barbosa de entrar na Casa Grande.
marop 06 O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
Esse é o típico progressismo atual. É o feminismo do olho roxo do Netinho de Paula. É a Marta Suplicy perguntando sobre seu adversário: “É casado? Tem filhos?”. É a preocupação com a hipersensibilidade de alguns, que gera filmes do ministério da Educação (ainda comandado por Haddad) mais vexatórios em sua “conscientização” do que qualquer piadinha já ouvida na Via Láctea. É o tratamento racial igualitário, em que defendemos os negros, e por isso os negros devem nos obedecer e dizer “sim, senhor”. E, claro, os preconceituosos são… os outros.
emers O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
marop 03 O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
Mesmo que, para isso, valha até pintar Joaquim Barbosa como um cruel ditador africano:
gusta1 O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
Ou, num auto-coitadismo que chega a parecer uma confissão, compará-lo a um juiz do Tribunal de Nurenberg:
gers1 O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
Não sabemos se melhor ou pior, mas vale até tentar dizer que Barbosa é um… mensaleiro!
mau samp O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
Como bem lembrou Vladimir Aras, o pessoal que está cometendo injúria racial contra o ministro Joaquim Barbosa pode precisar de um habeas corpus do STF uma hora dessas.
marop 07 O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
marop 05 e1349373758125 O racismo petista contra Joaquim Barbosa no Twitter
com ajuda no rastro de imagens de Alexandre Gonçalves e do Tumblr Governismo, a doença infantil…
Leia também:
  1. Joaquim Barbosa conclui que dinheiro público abasteceu mensalão
  2. Questionamento de Joaquim Barbosa faz advogado de ex-diretor do BB se complicar
  3. Barbosa pede sessões extras para agilizar julgamento do mensalão
  4. Joaquim Barbosa diz que governo Lula comprou votos na Câmara
  5. Petistas pedem ajuda da OAB para monitorar ministros do Supremo

Como fazer uma propaganda eleitoral


terça-feira, 2 de outubro de 2012

Os erros de Eric Hobsbawm: uma contabilidade de mortes

1 DE OUTUBRO DE 2012
hobsbawm Os erros de Eric Hobsbawm: uma contabilidade de mortes
Sempre prestamos nossa homenagem aos falecidos e não tripudiamos sobre a morte alheia (a não ser em estrito cumprimento ao dever). Morreu nesse 1.º de outubro o historiador comunista Eric Hobsbawm. Considerado por muitos como o maior historiador do século – sobretudo por aqueles que desconhecem qualquer outro historiador.
Eric Hobsbawm é conhecido por sua obra A Era dos Extremos, que alega ser uma síntese do séc. XX. Faz parte de uma série de livros cujos títulos parecem espremer tudo o que é preciso ler sobre a realidade histórica em suas páginas (para alegria dos preguiçosos bibliofóbicos das universidades de Humanas brasileiras): Era das Revoluções, Era do Capital, Era dos Impérios, Era dos Extremos.
Estes cartapácios foram responsáveis pelo erro fundamental de análise do capitalismo do séc. XX como “imperialismo” – o termo originalmente designa a sanha de poder de um Estado usando a força militar para sua expansão territorial, e foi justamente o capitalismo que acabou com as eras (em sentido etimológico, i. e., dois mil anos) de imperialismo, em que todas as guerras eram disputas territoriais. Com o advento de um mercado de massas, passou a ser muito mais interessante trocar mercadorias com o seu vizinho e ambos enriquecerem no processo de trocas livres (mostrando o erro do jogo de soma zero do marxismo) do que disputar militarmente pelo controle territorial de uma região pelo Estado, quando o mercado permite o livre trânsito em paz.
Foi a ascensão triunfal do capitalismo que trouxe a paz à Europa. É difícil perguntar a um historiador quantas guerras afligiram apenas os maiores países da Europa Ocidental entre os últimos 3 séculos antes do século XX e ele responder de cabeça (perdemos a oportunidade de aplicar o teste a Hobsbawm). A partir do séc. XX, as únicas guerras que atingiram inimigos mortais como Inglaterra e França, foram deflagradas contra totalitarismos contrários ao mercado livre do Estado, unindo ambas contra o expansionismo alemão anti-liberal, aliado a outros estatismos ferozes e centralizadores como o fascismo italiano e o franquismo.
Era assim que a Europa era descrita por Bocage (1765-1805), em seu Soneto do Membro Monstruoso (sic)  – recomenda-se a leitura ao som dos fortes acordes de Kenny G:
Esse disforme, e rígido porraz
Do semblante me faz perder a cor;
E assombrado d’espanto, e de terror
Dar mais de cinco passos para trás;
A espada do membrudo Ferrabraz
Decerto não metia mais horror:
Esse membro é capaz até de pôr
A amotinada Europa toda em paz
Foi chegar a “Era dos Extremos”, que Eric Hobsbawm critica, e vemos, exatamente ao contráriode suas previsões, o surgimento de blocos econômicos comuns buscando o livre comércio e a integração cultural e comercial. A “amotinada Europa” viu-se unida não por um porraz hirto e veiudo, mas pelo comércio livre entre povos – a liberdade econômica que é nêmesis horrivelmente horrorosa dos comunistas e demais planejadores centralizantes.
A isso historiadores stalinistas capitaneados por Hobsbawm, que posteriormente passaram um Photoshop em sua própria história para se considerarem apenas marxistas, deram o nome de “imperialismo”, invertendo e imiscuindo conceitos sem rigor científico uns nos outros. Perguntando-se a qualquer universitário doutrinado na falsificação da realidade da historiografia marxista e de obras como “Era dos Impérios” sobre um exemplo de país imperialista, a resposta, em  102% dos casos, virá de pronto: os Estados Unidos da América.
hobsbawm eric 253x338 Os erros de Eric Hobsbawm: uma contabilidade de mortesCuriosamente, se mostrarmos um mapa-mundi de 1917 para uma criança ou um alienígena, com EUA em seu canto e a Rússia beirando a Revolução no outro, e depois um mapa-mundi de 1968, ano da Primavera de Praga, em que apenas o marechal Josip Tito havia saído do bloco soviético e rompido com Stalin, mostrando novamente o tamanho dos EUA e o da agora União Soviética após duas guerras mundiais, e perguntássemos qual país no mundo é imperialista, a resposta seria óbvia. Nem se poderia notar um centímetro de avanço territorial americano, contra uma enxurrada de invasões, repatriações e até criação de países ad hoc como a Tchecoslováquia.
Entretanto, essa realidade óbvia passa a se tornar invisível, numa negação fulminante e raivosa da realidade, pelo revisionismo esquerdista de Hobsbawm e seus asseclas, que nunca se preocuparam em chamar de “imperialista” o país que mais invadiu, matou e tentou criar um império global através do Comintern no séc. XX. Hobsbawm, judeu de ascendência austríaca, vê em Israel uma nação “imperialista”, e por isso negou-se certa vez a tomar um vôo que fazia escala em Tel Aviv. Para ele, o melhor é jogar uma bomba atômica em Israel. Em sua simples questão aritmética, é melhor matar cinco milhões de judeus do que “ver uma superpotência nuclear matar duzentos milhões de pessoas”. Um Goebbels de esquerda é sempre aceito na Academia cum lauda.
Também é colocando o marxismo como verdade fundamental e escolhendo aspectos da realidade que merecem comentários (apenas aqueles que confirmem a fé socialista, jogando os outros dados da realidade na “lata de lixo da História”, como o bordão de Trotsky) que Eric Hobsbawm usa de um vasto arcabouço cultural para afirmar bobagens sobre, por exemplo, a fome na África e nos próprios países asiáticos assolados por um passado comunista como culpa do… capitalismo, que causou a primeira riqueza de massas (não só para o Estado) na História, ao contrário do brutal totalitarismo que defende (uma das teses risíveis de Era do Capital).
eric hobsbawm 271x300 Os erros de Eric Hobsbawm: uma contabilidade de mortesA linguagem se torna assim uma “arena de ações políticas”, em que “aqueles que definem, criam”, trocando-se a análise histórica por um jogo de invenções de cacoetes simbólicos, como a “burguesia” e o “proletariado” – que, como Donald Sassoon explica, foram classes inventadas pelos primeiros socialistas, tornando-se conceitos tratados como verdades absolutas e óbvias até hoje. Entretanto, mesmo o historiador marxista E. P. Thompson constatou ser impossível distinguir proletário e burguesia por critérios econômicos – ora, se burgos são cidades comerciais em rotas de viajantes, como é possível chamar de “burguesia” a classe média brasileira (aquela que o PT definiu que é “classe média alta” se a família ganha a partir de R$ 1021,00 por mês), confundindo também a burguesia com a elite, sendo que aqueles que trabalham com comércio no país têm ganhos irrisórios, comparados àqueles que trabalham para o Estado? O que garante o futuro e a ascensão econômica no Brasil: abrir uma barraquinha de pastel ou prestar concurso público?  É outra realidade que os fãs de Hobsbawm passam a negar espavoridamente estudando o mestre.
Sem nenhum rigor lógico, e apenas escolhendo o que da História confirma suas teses utópicas, confundindo conceitos que é incapaz de definir impermeavelmente até nos títulos de seus livros, não é estranho que Hobsbawm seja autor de frases absolutamente bizarras como ”guerras são apenas instrumentos capitalistas”, “concordo que só existe socialismo ou barbárie e o séc. XXI será o século decisivo nesta luta” e que Lula “ajudou a mudar o equilíbrio do mundo”. Hobsbawm acreditava que Lula era o mais importante representante do marxismo no mundo hoje, e dizia ter uma “admiração ilimitada” por ele.
Coincidentemente a essa data, a última revista Dicta & Contradicta (leitura obrigatória para quem gosta de cultura, literatura, filosofia, política ou… qualquer coisa) traz um artigo do autor britânico David Pryce-Jones desmascarando mais algumas farsas do falsificador histórico stalinista.
Entre vertiginosas análises da vida de Hobsbawm, seu método é explicado:
Hobsbawm é sem dúvida inteligente e engenhoso; é capaz de manusear com facilidade as ferramentas de trabalho do historiador: pesquisar arquivos e fontes primárias e ser o mais objetivo possível no tema que tem às mãos. Um historiador marxista, porém, não pode seguir tais princípios; deve propor perguntas a respostas já dadas. Seu estudo orienta-se pela obrigação de provas que os dogmas, teorias, especulações, gostos e repulsas de Karl Marx são confirmados em todas as sociedades em todas as épocas. A historiografia marxista nada mais é que um longo juízo de valores a priori que elimina necessariamente tudo o que não lhe dê sustentação.
Pryce-Jones não poderia mostrar os erros de A Era dos Extremos sem escrever outro livro de 627 páginas. Mas destaca alguns pontos curiosos, que aparentemente nunca foram questionados por seus ídolos, que também costumam propor perguntas a respostas já dadas em seus livros. O livro:
- Não menciona o armamento secreto da Alemanha promovido pelos soviéticos durante o entreguerra;
- “Esquece” o quanto Hitler aprendeu com Lenin e Stalin a estratégia da violência (confirmado nos próprios escritos políticos do ditador austríaco). Parece ter uma noção inconsciente disso, por sumir com menções a Treblinka ou Auschwitz, além de outros campos de concentração posteriormente usados pela própria Alemanha Oriental. “P leitor deve ser poupado de qualquer coisa que possa conduzi-lo à equação bastante aceita dos sistemas totalitários semelhantes”.
eric hobsbawm 220x300 Os erros de Eric Hobsbawm: uma contabilidade de mortes- Não traz nenhuma menção a Beria (vide sua história violenta e sua majestosa e cinematográfica queda em Ascensão e Queda do Comunismo, de Archie Brown), à polícia secreta NKVD (e o medo que ela provoca em Sussurros, de Orlando Figes), nenhuma análise do trabalho escravo nem da grande fome projetada na Ucrânia para roubar e matar camponeses infelizes. A única vítima do gulag a se rnomeada é Nikolai Vavilov. Sobre  Alexander Solzhenitsyn, autor de Arquipélago Gulag, considerado por qualquer um de seus leitores como o mais importante livro de não-ficção do século, Hobsbawm diz com um desdém particularmente hediondo que sua carreira de escritor foi “firmada pelo sistema” (Solzhenitsyn recusou-se a receber o Prêmio Nobel em Estocolmo por saber que não conseguiria voltar à União Soviética e criticar o sistema de dentro, e só emigrou para os EUA quando percebeu que, apesar da fama internacional, iria ser assassinado a qualquer momento).
- Defende Stalin, até mesmo seu Pacto com Hitler, que marcou “a recusa da URSS em continuar opondo-se a Hitler” (sic). A invasão dos países bálticos é apresentada por Hobsbawm sob o típico desdém marxista por pequenas nações. A Finlândia também sofreria com a URSS alguns meses depois.
- Também afirma que Stalin “modernizou” a Rússia (sem  citar quanto trabalho escravo foi necessário para a construção de obras como o Canal do Mar Branco, cantado em canções e poesias como um canal de concreto sobre o cemitério dos que morreram de inanição, frio e trabalho até a morte na sua construção, ou mesmo construindo as próprias cidades do gulagcomo Kolyma ou Norilsk. Mesmo um escritor stalinista ortodoxo como Alexandr Tvadorvsky, que reiteradamente renunciou à família em nome do Partido, quando o próprio irmão morreu sem se saber exatamente onde na construção do canal (elogiado por Gorki em um livro escrito às pressas), lamentou com peso na consciência:
O que é você, irmão?
Como está você, irmão?
Onde está você, irmão?
Em qual Belomorkanal?
(Irmãos, 1933)
Enquanto intelectuais abastados como Hobsbawm rendiam loas à União Soviética stalinista, havia canções rimadas (chastushki) em que os russos falavam sobre o trabalho escravo soviético:
O Plano Quinquenal, o Plano Quinquenal
O Plano Quinquenal em dez.
Não vou para a kholkhoz;
Na kholkhoz não há pão!
(kholkhoz eram as fazendas coletivas, modelo de socialismo mundial até hoje, que obrigaram a União Soviética a viver com 4 kg de salsichas e 2 pedaços de sabão por mês – para funcionários do Partido)
Eric Hobsbawm, como exemplo da maravilhosa explicação de Alain Besançon sobre a memória lembrar do nazismo, mas esquecer completamente as atrocidades do comunismo, acreditava que, sob Mao Zedong, “o povo chinês ia bem”, já que havia mais matrículas na escola. Como demonstra bem Pryce-Jones, o pensamento de Hobsbawm é o de que “a desumanidade nunca é desumana quando serve ao comunismo, mesmo que a realidade o estivesse destruindo”.
Mas seu grande momento se deu em 1994 (relatado pelo historiador Robert Conquest), quando  Michael Ignatieff – então jornalista político, mas depois presidente do Partido Liberal do Canadã – entrevistou Hobsbawm para a BBC:
Segundo o historiador, o Grande Terror de Stalin [mais de 20 milhões de mortos apenas na principal de três ondas, fora outros milhões de mortes fora dos Expurgos] teria valido a pena caso tivesse resultado na revolução mundial. Ignatieff replicou essa afirmação com a seguinte pergunta: “Então a morte de 15, 20 milhões de pessoas estaria justificada caso fizesse nascer o amanhã radiante?” Hobsbawm respondeu com uma só palavra: “Sim”.
Essa é a pessoa que dominou a visão histórica a partir da segunda metade do século passado. É o “pensador crítico” dos últimos tempos. Uma análise do expansionismo alemão desde Bismark até o Terceiro Reich lendo-se apenas historiadores neonazistas seria considerada pura falsificação e eombromação falseadora. Ainda hoje lemos sobre “A era dos extremos”, “dos Impérios” e “do Capital” apenas pela visão de um stalinista, que perdeu a coragem de dizer o quanto defende um totalitarismo quando precisa usar mais do que três letras.